A Esperança Que Vence a Tristeza: O Sono da Morte e o Despertar Glorioso em Cristo!
Por Nonato Souza / Blog Semeando Boas Novas
Introdução – A dor da ausência e a luz da eterna esperança
A vida é uma jornada
entrelaçada com fios de alegria e, inevitavelmente, com os sombrios fios da tristeza.
Poucas dores humanas são tão dilacerantes quanto a perda de um ente querido. O
luto é uma ponte universal, conectando todos os corações que já sentiram a
ausência. Em nossos dias, somos constantemente bombardeados por narrativas de
desespero, luto sem consolo, e uma busca incessante por sentido diante da
finitude da vida. Vemos ao nosso redor, e talvez em nossos próprios corações,
essa tristeza que parece não ter fim, essa dor que insiste em se assentar na
alma.
Foi essa a angústia que a
jovem igreja em Tessalônica enfrentava. Recém-convertidos, muitos vindos de um
paganismo que via a morte como um abismo sem retorno, eles haviam abraçado a
Cristo e a promessa de Sua volta. Mas o que aconteceria com os crentes que já
haviam "dormido" em Jesus? Seriam esquecidos? Teriam perdido a
oportunidade de estar com o Senhor em Sua vinda? A dor do luto era
intensificada pela ignorância sobre o plano divino. Os cristãos de Tessalônica “questionavam
se aqueles que morreram antes da vinda do Senhor perderiam esse grande evento.
Assim, desejavam mais instruções sobre o tema, razão pela qual Paulo lhes
respondeu sobre essa inquietante questão” (WALVOORD; HITCHCOCK, 2020, p. 105)
Nesse cenário de dúvida e
amor pastoral, o Apóstolo Paulo, impulsionado pelo Espírito Santo, escreve: "Não
quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que
não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança." (1Ts 4.13 –
ARC).
Esta não é apenas uma frase;
é um bálsamo poderoso, uma verdade capaz de transformar a tristeza
desesperançosa em uma espera jubilosa. Hoje, vamos mergulhar nesta revelação,
permitindo que a Palavra de Deus ilumine nosso entendimento, console nosso
coração e fortaleça nossa fé na bendita e iminente vinda do Senhor Jesus!
Entendendo o cenário: Tessalônica e a visão da morte
Para captar a profundidade
de 1 Tessalonicenses 4.13, é vital nos transportarmos para a Tessalônica do
primeiro século.
Tessalônica, uma cidade vibrante,
mas com uma cultura de desespero: Era um importante centro portuário e
comercial, culturalmente diverso, com judeus e muitos gentios (At 17.1-4). A
igreja, jovem em sua fé, enfrentava os desafios de um ambiente hostil.
A morte no olhar pagão: No mundo greco-romano, a morte era um fim
sombrio. “Para o homem ou a mulher do século I, a morte era um espectro negro
que insistia em visitar os seres humanos muito antes de sua hora.” (RICHARDS,
2007, p. 459). A ideia de ressurreição corporal era ridicularizada (At 17.32).
Os rituais de luto eram extravagantes e marcados por uma profunda desesperança.
A morte na visão do mundo pagão era o "nunca mais".
A dúvida da jovem igreja: Os tessalonicenses haviam recebido com
fervor a mensagem do evangelho, que incluía a promessa da volta de Cristo (1Ts
1.9-10). Eles esperavam ver Jesus retornar. Mas, quando alguns de seus irmãos
na fé morreram, surgiu a angustiante pergunta: "Eles perderão a vinda de
Jesus? Serão excluídos da glória?" A dúvida, misturada com o luto,
ameaçava minar sua esperança. Havia no coração daqueles irmãos um “senso geral
de desespero associado com a morte no século I, a incerteza teria sido pesada
sobre os corações daqueles irmãos que perderam pessoas queridas” (RICHARDS,
2007, pp. 459, 460).
Paulo, como um pai zeloso e
um mestre das dispensações divinas, sabia que a falta de conhecimento preciso
sobre o que acontece após a morte para o crente traria desespero. Ele não
queria que a Igreja de Cristo se entristecesse da mesma forma que o mundo que
não conhece a Deus. Sua resposta é um dos trechos mais consoladores e
reveladores das Escrituras sobre a morte e a ressurreição dos crentes. Que
fique claro, “não devemos nos angustiar por causa dos nossos entes queridos que
foram para o céu antes de nós, porque temos confiança de que eles serão ressuscitados”
(1Ts 4.13-18).” (LAHAYE; HINDSON. 2008, p. 402).
Desvendando a mensagem: O "Não quero que sejais ignorantes" de
Paulo.
Vamos destrinchar cada parte
da poderosa declaração de Paulo em 1 Tessalonicenses 4.13:
1. "Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes..."
Essa é uma introdução forte!
A expressão grega para “não quero” é ou thelō e significa
"eu não desejo", "eu não quero de forma alguma". Paulo não
está apenas fazendo um pedido; ele está expressando uma forte preocupação
pastoral sobre um tema vital. Ele anseia que seus filhos na fé não permaneçam
"ignorantes".
A palavra "ignorantes"
(gr. agnoein) significa "não saber", "estar sem
conhecimento", "ser mal-informado". A ignorância sobre as
verdades de Deus pode gerar consequências espirituais e emocionais
devastadoras. Paulo não os está repreendendo por uma falha moral, mas por uma
falta de informação crucial que estava roubando sua alegria e esperança. Para
nós, pentecostais, a busca pelo conhecimento profundo da Palavra não é apenas
um dever, mas uma paixão, impulsionada pelo Espírito da verdade (Jo 16.13), que
nos guia a toda a verdade. O apóstolo dos gentios “queria que os
tessalonicenses entendessem que a morte não é o fim. Quando Cristo voltar,
todos os crentes – vivos e mortos – serão reunidos, para nunca mais sofrer ou
morrer novamente.” (Comentário do Novo Testamento, Aplicação Pessoal,
Vol. 2. 2009, p. 447).
Reflita: Você tem permitido que a ignorância sobre as
verdades de Deus afete sua paz e esperança?
2. "...Acerca dos que já dormem..."
Aqui está o cerne da
questão: o destino daqueles que partiram.
A palavra "dormem"
(gr. koimaō) é um eufemismo lindo e cheio de esperança que a Bíblia usa
para descrever a morte física dos crentes. Ela não sugere uma "dormência
da alma" ou inconsciência espiritual, mas sim a ideia de um corpo que
repousa, aguardando o glorioso despertar da ressurreição.
Jesus usou essa mesma
linguagem sobre Lázaro em João 11.11-14: "Nosso amigo Lázaro adormeceu,
mas vou despertá-lo do sono... Jesus, porém, falara da sua morte." E
Estêvão, o primeiro mártir, "adormeceu" ao ser apedrejado (At 7.60).
É importante dizer que a
Bíblia nunca descreve a morte do justo como aniquilação ou um mergulho no
desespero. Para o crente, a morte é um sono temporário do corpo, uma transição
para uma nova dimensão de existência na presença consciente de Cristo (Fp
1.23), aguardando a redenção final do corpo. É um sono com a certeza de um
despertar glorioso!
3. "...Para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança."
Paulo reconhece a dor do
luto, mas aponta para uma distinção crucial. “Esta tristeza não é sem esperança.
Embora a dor seja real, o fato é que estes entes queridos serão vistos novamente.”
(Comentário do Novo Testamento, p. 447).
A palavra "entristeçais"
(gr. lypeō) significa "estar triste", "afligir-se",
"sentir pesar". Paulo não está nos dizendo para não sentir a dor da
perda; afinal, Jesus chorou pela morte de Lázaro (Jo 11.35). O luto é uma
resposta humana natural à perda de alguém que amamos. O que Paulo condena,
porém, é uma tristeza sem esperança, uma aflição que se assemelha ao desespero
do mundo.
"Os demais" (gr. hoi
loipoi) refere-se aos não crentes, àqueles que estão fora da comunhão com
Cristo e, por isso, não possuem a verdade do Evangelho sobre a vida após a
morte. Sua tristeza é absoluta, final, sem perspectiva de reencontro ou de
glória futura, levando à desesperança (gr. mē echontes elpida),
pois sua cosmovisão não inclui a primeira ressurreição ou a vida eterna com
Cristo.
A grande diferença é que a
tristeza do crente é temperada pela esperança viva que possuímos em Cristo
Jesus. Nós lamentamos a ausência e a separação temporária, sim, mas o fazemos
com a certeza inabalável da ressurreição e do reencontro eterno!
Vivendo com a esperança que vence a tristeza
A verdade de 1
Tessalonicenses 4.13 não é apenas doutrina para debates teológicos; é vida,
consolo e poder para a Igreja de Jesus Cristo hoje.
·
Consolo incomparável
no luto: Se você perdeu alguém amado
em Cristo, sinta a dor da ausência, chore as lágrimas necessárias, mas faça-o com
esperança! Sua tristeza não é como a dos que não têm Deus. Você tem a certeza
do reencontro, da ressurreição e da vida eterna com Cristo. Permita que o
Espírito Santo, o Consolador, inunde seu coração com essa esperança que
transborda.
·
Preparação pessoal
e santidade: A
iminência do Arrebatamento nos chama à santidade e à vigilância (1Jo 3.2-3; Mt
24.42). Se o Senhor vem, e pode ser a qualquer momento, nossa vida deve
refletir essa expectativa, buscando viver de forma que O agrade em tudo.
·
Urgência evangelística: O mundo que nos rodeia está se entristecendo
"como os demais, que não têm esperança". As pessoas buscam respostas
no desespero, em filosofias vazias, em vícios. Nós, a Igreja de Jesus Cristo,
temos a única resposta verdadeira e consoladora! Temos o evangelho que oferece
não apenas vida após a morte, mas vida plena e esperança inabalável AGORA. Que
o Espírito Santo nos impulsione a compartilhar essa bendita esperança com
ousadia e paixão todos os dias.
Conclusão: A trombeta está prestes a soar!
Amados leitores, a exortação
de Paulo em 1 Tessalonicenses 4.13 é um grito de amor e um alerta para a
Igreja. Ele não quer que sejamos ignorantes, mas cheios de conhecimento e de
uma esperança vibrante.
Nossos irmãos que
"dormem" em Cristo estão seguros nele, aguardando o grande dia. E
nós, os que estivermos vivos, seremos transformados num piscar de olhos. Essa
não é uma fábula, mas a promessa de um Deus que é fiel e Todo-Poderoso para
cumprir cada palavra (como veremos em 1 Tessalonicenses 4.16-17, que
complementa maravilhosamente nosso texto).
Que a tristeza, quando vier,
não nos paralise, mas nos lembre da supremacia de Cristo sobre a morte. Que a
nossa fé seja firmada nesta promessa: a morte não tem a última palavra! A
última palavra será a trombeta de Deus, o grito de comando do Arcanjo e a voz
do próprio Senhor Jesus, chamando Sua Igreja para o lar.
Mantenha seu coração
vigilante e sua esperança viva! Não se entristeça como os que não têm
esperança, pois a nossa esperança tem um nome: Jesus Cristo, aquele que morreu,
ressuscitou e VEM!
Que a graça do nosso Senhor
Jesus Cristo esteja com todos vocês, enchendo-os de consolação e da mais
bendita esperança! Amém.
Semeando Boas Novas –
Compartilhando a Bendita Esperança
Notas Bibliográficas:
RICHARDS, Lawrence O.
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
2007.
WALVOORD, John F;
HITCHCOCK, Mark. 1 e 2 Tessalonicenses. Porto Alegre,
RS: Chamada. 2020.
LAHAYE, Tim; HINDSON, Ed.
Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD. 2008.
Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal, Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD. 2009.
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