Semeando com lágrimas, ceifando com alegria
Por Nonato Souza
“Os que com lágrimas
semeiam, em júbilo ceifarão! Aquele que parte chorando, enquanto lança a
semente, retornará entoando cânticos de louvor, trazendo seus feixes” (Sl
126.5,6; BKJ).
Depreende-se do texto que o tempo de
semear é sempre, em qualquer empreendimento, um tempo de muita labuta, trabalho
árduo e ansiedade. Quem semeia, o faz para cumprir o seu dever, fazendo sempre
em estado de aflição.
As dores, o cansaço, e a fadiga do
sol causticante, que produzirá em nós o choro, não devem, no entanto,
atrapalhar a nossa semeadura, isto pela capacidade que temos de fazer o bem,
mesmo em épocas de aflição e por que a colheita abundante que advirá da
semeadura, irá compensar todo o esforço despendido.
Lembre-se da expressão e exemplo do
Senhor Jesus que para alcançar a salvação dos pecadores deu sua própria vida em
resgate de muitos. Ele disse: “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão
de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito
fruto” (Jo 12.24). Uma semente não produzirá nada, a menos que seja sepultada.
Jesus poderia, depois de ter assumido sua natureza humana, entrado sozinho no
céu, por sua justiça perfeita, sem sofrimento e sem morte, porém, nenhum
pecador da raça humana poderia ser salvo. Desde sua morte sacrificial até o
presente momento e daqui por diante, a salvação deve-se à morte desta semente
de trigo, Cristo.
Os cristãos, à semelhança de Cristo,
não se prendem à vida com feição apaixonada. Este tipo de morte não gera vida,
é na verdade, improdutiva. Ele, ainda que pelo seu sofrimento e em detrimento
de sua própria vida, despreza as coisas deste mundo e apega-se ao evangelho de
Cristo, proclamando a salvação, cumprindo o IDE do Senhor Jesus.
Estamos sendo convocados ao trabalho
espiritual, à responsabilidade missionária. Jesus após ressuscitar
apresentou-se aos discípulos dizendo-lhes: “Paz seja convosco! Assim como o Pai
me enviou, também eu vos envio a vós” (Jo 2.21). Assim como Jesus recebeu da
parte do Pai uma missão nos seus aspectos eternos (apesthaken), também seus discípulos, nós, recebemos no tempo
presente (pempo) de Jesus a sua
missão para prosseguir e desempenhar. Não se trata de uma nova missão, mas a
missão Dele.
O que quero focalizar aqui é a urgente necessidade de realizar o
trabalho mais importante que existe. Ter atitude para com o trabalho do Senhor. Este trabalho foi confiado a
homens e mulheres que tiveram a experiência da salvação na pessoa bendita de
Jesus Cristo, e que entendem que Deus aguarda que cada um de nós cumpra a parte
que nos cabe na seara do Mestre. É lamentável vermos tantas pessoas buscando
seus próprios interesses, enquanto o do Senhor e sua obra ser relegado a
segundo plano.
Temos visto e ouvido a alegação de muitos
que ficam apenas no desejo de fazer, mas que não move uma palha sequer para ver
o trabalho missionário avançar. Muitos alegam falta de tempo disponível para dedicar-se ao serviço do Mestre. Outros,
envolvidos em seus afazeres e preocupados apenas em adquirir bens materiais,
embaraçados com os negócios desta vida, nenhuma preocupação tem com o trabalho
missionário, que está além de um investimento meramente terreno.
Em algum tempo atrás, Deus tratou com seu
povo exatamente por causa deste descaso com os interesses do Reino. Observe o
que diz o profeta: “Acaso é tempo de habitardes nas vossas casas forradas,
enquanto esta casa fica desolada? Ora, pois, assim diz o Senhor dos Exércitos:
considerai os vossos caminhos. Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a
casa, e edificai a casa; e dela me deleitarei, e serei glorificado, diz o
Senhor. Esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco; e esse pouco, quando
o trouxeste para casa, eu o dissipei com um assopro. Porque causa? Diz o Senhor
dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está em ruínas, enquanto correis,
cada um de vós, à sua própria casa. Por isso os céus por cima de vós retém o
orvalho, e a terra retém os seus frutos” (Ag 1.4-10).
Esse texto é o retrato fiel do que acontece
com muitas igrejas e crentes que deixaram o trabalho do Senhor para
desperdiçarem seu tempo, recursos e talentos em seus próprios interesses.
Um retorno ao trabalho espiritual com
denodo é sem dúvida a maior urgência destes últimos dias. Cada crente precisa
levar a sério o que Deus lhe confiou. Deus tem recompensa a cada um que tem se
esmerado em fazer alguma coisa para Deus (Ap 22.12).
Jesus foi o nosso exemplo maior de trabalho. O
profeta Isaias vaticina ser Ele “experimentado nos trabalhos” (Is 53.3) e, Ele
mesmo asseverou trabalhar como seu Pai trabalha (Jo 5.17). Devemos seguir-lhe neste modelo. Lembremo-nos que
o galardão é para os que laboram na seara do
mestre. Dizer que não trabalhamos porque não tivemos oportunidade, não
funcionará no Tribunal de Cristo.
Não sei qual a profundidade da comunhão que tens com o Senhor. Mas,
pensando nisso, ouso fazer algumas indagações: Que relevância tem o Senhor
Jesus Cristo para nós hoje? Que leitura tem-se feito do Seu evangelho? São as
palavras de Cristo dignas de nossa inteira apreciação, confiança e obediência
hoje? Da resposta que dermos a estas indagações, depende o sucesso ou insucesso
da missão da Igreja no mundo.
À Igreja, agente missionária neste mundo, é dada a responsabilidade de
não só fazer uma diagnose correta dos males da sociedade. É seu dever indicar
alternativas de curas aos males existentes. A igreja é um organismo existente
na terra e sua preocupação essencial não é apenas o bem-estar de seus membros.
De acordo com as Escrituras a Igreja existe para:
·
ser um lugar de habitação de Deus (1 Co 3.16);
·
testemunhar acerca da verdade (1 Tm 3.15)
·
Evangelizar o mundo através da proclamação do
evangelho (Mt 28.18-20);
·
tornar conhecida a multiforme sabedoria de Deus (Ef
3.10), além de outros.
Uma igreja com tão grande responsabilidade não pode se ensimesmar e
viver uma eterna introspecção, pelo contrário, tem o sagrado dever de viver e
agir como agência de transformação daqueles que ainda não se fizeram súditos do
reino de Deus.
A Igreja não tem que inventar uma forma
diferente, exclusiva de cumprir a vocação missionária que lhe é dada a cumprir.
Por ocasião do seu ministério terreno, Jesus pôs em prática aquilo que Ele
queria ser o modelo a ser executado por seus seguidores.
Às vezes, penso não ser necessário
enfatizar tanto sobre este assunto, haja vista a seriedade do tema e a forma
tão clara sobre a responsabilidade da igreja na Grande Comissão. Todos são
conhecedores do trabalho a realizar no Reino de Deus (Mt 28.18-20). Esse texto enfatiza
claramente sobre a ordem imperativa e direta do Senhor Jesus à Igreja. Os
demais evangelistas a repetem, reforçando a importância e a urgência do assunto
porque, então, se omitir desta responsabilidade?
Fazer discípulos é
a missão da Igreja. Não temos aqui ordem para a realização de trabalhos
paralelos ou de grandes empreendimentos, que tanto nos preocupa hoje. O que há
é uma ordem contundente, direta, permanente para missões. “A comissão de Jesus
não é apenas para recrutar crentes e encher as igrejas. O discípulo é alguém que está pronto a negar-se a si mesmo,
a levar sua cruz e a renunciar tudo, por amor a Cristo. Jesus não quer apenas
muitas pessoas na igreja, ele quer discípulos. Não podemos nos impressionar com
o crescimento vertiginoso das igrejas evangélicas no Brasil. O Senhor não se
satisfaz apenas com quantidade, ele quer qualidade. Ele não se impressiona com
números, ele quer gente transformada. Ele não se contenta com multidão, ele
quer discípulos. Muitos há que estão indo para as igrejas apenas por causa das
vantagens imediatas do evangelho. Querem somente as vantagens terrenas. Desejam
apenas os milagres. Foi assim no tempo de Jesus. Inúmeras pessoas vinham a ele
apenas por causa do pão ou dos milagres. Elas, porém, não estavam salvas, não haviam nascido de
novo” (O melhor de Deus para sua vida. Hernandes Dias Lopes. Vl. 01. Ed.
Betânea, pg. 112).
Antes de sua ascensão ao céu, Jesus
lembrou aos seus discípulos de sua presença no meio deles. Esta promessa tem
sua validade todas as épocas. Enquanto a Igreja existir, e se desincumbir em
sua chamada missionária tem a promessa da presença de Jesus ao seu lado.
Concluo este texto lembrando os
santos sobre o dever de conscientizar-se que a tarefa evangelística foi imposta à igreja de Cristo. Em todos os
tempos o evangelismo sempre foi prioridade número um dos salvos em
Cristo Jesus. Cada momento nos aproximamos da iminente volta do Senhor Jesus. É
hora de despertar. Não podemos perder a oportunidade de ganhar almas enquanto é
dia, a noite vem quando não poderemos mais trabalhar (Jo 9.4). Além disso,
devemos olhar com cuidado a recomendação bíblica que nos diz: “[...] o que
ganha almas sábio é” (Pv 11.30).
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