Missão terapêutica da igreja, uma necessidade urgente
Por Nonato Souza
“Livra os que estão destinados à morte e salva os que são
levados para a matança, se o puderes retirar. Se disseres: Eis que o não
sabemos; porventura, aquele que pondera os corações não o considerará? E aquele
que atenta para a tua alma não o saberá? Não pagará ele ao homem conforme a sua
obra? (Provérbios 24.11,12).
Ouvi recentemente uma boa palavra de um determinado pregador
baseada neste texto bíblico. Com sua bela oratória, observando o texto, o
referido pregador pintou um quadro de condenação em que alguém para não chegar
à morte precisa urgentemente de ajuda. Uma voz, então, surge no ermo e clama:
“Livra os que estão destinados à morte e salva os que são levados para a
matança”. A mensagem daquela noite me deixou pensativo sobre nossa
responsabilidade como salvos em Cristo Jesus e Igreja de Deus.
Minhas reflexões me conduziram a pensar sobre a missão
terapêutica da igreja hoje e ainda a grande responsabilidade que pesa sobre
cada cristão. Penso que a igreja deveria achar-se comprometida no processo de
amar, perdoar e orar pela cura espiritual desta sociedade moribunda e atolada
no pecado. Estou convicto que o ministério de cura, libertação e reconciliação
faz parte do sacerdócio de cada membro do corpo de Cristo, a Igreja. O poder
terapêutico da igreja é fantástico e só pode ser concretizado quando se submete
inteiramente à vontade de Deus, exteriorizando através dos seus atos o Reino de
Deus e seus interesses entre os homens.
É importante, no entanto, destacar que como igreja,
precisamos valorizar o perdão, reconciliação e a comunhão entre os santos.
Creio que este é um assunto que deveria ser trabalhado com maior cuidado em
nossos arraiais. Amar a Deus e ao próximo (Jo 13.34,35; 15.12; 1Jo 3.23); orar
uns pelos outros (Tg 5.16; Lc 6.20); confissão de pecados uns aos outros (Tg
5.16; 1Jo 1.9), são temas tão essenciais para o sucesso da vida cristã, que não
podem ficar distantes dos nossos púlpitos. Precisam ser ensinados com maior veemência
por aqueles que têm responsabilidades sobre o rebanho.
As dificuldades vividas por muitos na infância onde pais
estavam mais preocupados em transmitir aos filhos as vantagens de “ter”, que as
vantagens de “ser”, têm gerado grandes dificuldades em inculcar bons princípios
cristãos, principalmente aqueles que levam os salvos a uma vida mais fraterna,
de comunhão, de compartilhar com o próximo seus problemas e lutas diárias
objetivando a cura para suas dores.
Existem cristãos sendo levados à morte. São muitos os
acontecimentos que os conduzem à matança. O convívio na igreja não tem sido
fácil para os salvos. Desprezo, indiferença, preconceito, ódio, rejeição e decepção,
têm levado alguns ao abandono, lágrimas, mágoas profundas. Aqueles que deveriam
ser sarados pelo convívio e comunhão e certeza de dias melhores no âmbito do
corpo de Cristo, a igreja, estão depressivos, apreensivos, angustiado com um
buraco de incerteza no seu interior. Pasmem os irmãos, há muitos que pela forma
como vivem, convivem, nem certeza tem da salvação em Cristo. Uma lástima!
Frequentam igrejas, se sentam nos bancos das igrejas, mas não tem convicção
acerca do que é uma vida cristã autentica e por isto não podem nem conseguem
desfrutar da mesma. Na verdade, não se sentem tratados orientados e cuidados no
corpo e espírito pela Igreja, corpo de Cristo, no exercício de sua missão
terapêutica. É triste a situação. O que fazer?
A missão terapêutica da igreja precisa funcionar para que haja
restauração e cura. Só conseguiremos dar a vida uns pelos outros quando o
Espírito Santo for capaz de agir em nossos corações com amor altruísta, perdão
e comunhão fraternal. Estamos rodeados de pessoas egoístas, altivas,
murmuradores insolentes, gente descompromissada com a Palavra de Deus e o Deus
da Palavra, totalmente desestruturadas em sua integridade que nunca assumem responsabilidades
por suas ações, vivem vidas hipócritas e não tem firmeza em suas convicções.
Muitos estão envolvidos em pecados ocultos, embaraçados, não conseguem
assumi-los diante da igreja e diante de Deus, pois são incapazes de demonstrar
transparência quanto ao que faz e a forma como vivem. Uma verdadeira tristeza!
Ora, sabe-se que sempre haverá possibilidade de restauração para qualquer
situação quando há confissão diante de Deus e da igreja.
Concluo esta reflexão trazendo à memória dos nobres irmãos, que precisamos
de um ambiente no seio da igreja local, onde os que sofrem tenham oportunidade de
se relacionar com os irmãos, falar sobre suas dificuldades e serem sarados. Os
angustiados sejam capazes de abrir seus corações, fazer confissões e buscarem
em Deus a cura de suas dores. Os faltosos desafoguem os seus sentimentos
negativos sem ter alguém lhes apontando o dedo. Não tenho dúvida que na igreja
precisamos de pessoas que sejam capazes de ouvir atenciosamente, sejam
tolerantes, sensíveis e silenciosos com objetivo de mais ajudar a levantar que a desestruturar. Esta é a missão terapêutica da Igreja. Estás disposto a
cumpri-la? Se envolva, ainda é tempo.
Comentários
Postar um comentário