O homem espiritual, o homem perfeito

“Pelo que todos quantos já somos perfeitos sintamos isto mesmo; e, se sentis alguma coisa doutra maneira, também Deus vo-lo revelará. Mas, naquilo a que já chegamos andemos segundo a mesma regra e sintamos o mesmo” (Fp 3.15,16)

Homem (gr. anthropos), de modo geral significa “ser humano, macho ou fêmea”, sem referência a sexo ou nacionalidade. O texto sagrado menciona o homem natural, sendo este literalmente controlado por sua alma (1Co 2.14). É irregenerado; pois vive segundo o velho homem. Homem carnal, literalmente controlado por sua natureza carnal (1Co 3.3). Paulo identifica este tipo de crentes como “meninos em Cristo” (1Co 3.1), são imaturas e agem como crianças, nunca chegando ao estado de maturidade, sendo sempre dependentes (Nm 11.12), necessitados (Pv 22.15), inconstantes (Ef 4.14), ignorantes (Hb 5.12), tendo, portanto, uma vida mista, dividida e fracassada. Homem espiritual que é controlado pelo Espírito Santo (1Co 2.15). A marca do homem espiritual é: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2.20
O homem espiritual é considerado o homem perfeito. Não se trata aqui de perfeição total, absoluta, que é alcançada somente com o arrebatamento, a redenção e glorificação do corpo. Referimo-nos à “perfeição relativa”, que se trata da maturidade espiritual (Fp 3.15,16).

O homem espiritual tem consciência iluminada pelo Espírito. Com relação a este assunto, há os que se acomodam no erro, alegando questão de consciência. Na Bíblia podemos identificar alguns tipos de consciências:

Consciência escravizada à idolatria. “Quanto mais o sangue de Cristo que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” (Hb 9.14). O sangue de Jesus é capaz de purificar a consciência do crente a fim de que ele possa servir a Deus sem culpa e com toda a certeza.

Consciência cauterizada. “Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência” (1Tm 4.2). O termo significa tornar insensível, indiferente; anestesiar, neutralizar. Indica que a cauterização destruiu a capacidade de discernir a verdade da falsidade.

Consciência má. “Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa” (Hb 10.22). O texto diz: “tendo o coração purificado da má consciência”. Esta é condição precípua para nos aproximarmos de Deus. “O termo “purificado” deriva-se da Lei do Antigo Testamento, que envolvia a aplicação exterior do sangue de animais sobre o adorador (Ex 24.8; 29.21). No texto de Hebreus se refere à limpeza interior, do coração, pelo sangue de Cristo, que livra a consciência da culpa, habilitando o adorador da nova aliança a se aproximar de Deus com sinceridade” (Comentário Pentecostal Novo Testamento, pg. 1602).

Consciência no Espírito Santo. “O que eu digo é verdade. Sou de Cristo e não minto; pois a minha consciência, que é controlada pelo Espírito Santo, também me afirma que não estou mentindo” (Rm 9.1; NTLH). Acerca deste último tipo de consciência, entendemos que a mesma deve ser produzida e influenciada pelo Espírito Santo e conferida à luz da Palavra de Deus. No texto Paulo conclama o testemunho do Espírito Santo acerca da verdade por ele declarada, é semelhante ao que é expresso em Romanos 8.16, “o Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”.

O Homem Espiritual é dotado de características importantes destacadas na Palavra de Deus, julga todas as coisas naturais e sobrenaturais, humanas e divinas. Ele porém, não é julgado por ninguém. Sobre o homem espiritual podemos observar o seguinte:

É capaz de discernir bem todas as coisas (1Co 2.15; Ef 4.17). O homem espiritual é capaz de julgar e avaliar as coisas pelo Espírito que nele habita e que certamente o dirige em suas tomadas de decisões. Não se trata de infalibilidade ao se julgar, pois Paulo nos ensina que em se tratando de expressões verbais inspiradas, devem estas ser julgadas pelos crentes (1Co 14.29), destaca porém, que em se tratando de assuntos espirituais, tal pessoa entra em uma esfera completamente diferente da existente na pessoa natural. A Bíblia diz sobre o salvo, que ele tem a “mente de Cristo” (1Co 2.16). Ter a mente de Cristo significa avaliar e considerar as coisas da mesma maneira que Deus as vê, atribuir-lhes a importância que Deus lhes atribui, amar o que Ele ama e detestar o que Ele detesta.

Cheio de fé (At 11.24). A Bíblia fala de Barnabé como homem útil na obra de Deus. “Porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor” (At 11.24). O texto mostra que Barnabé era um verdadeiro exemplo de firmeza e perseverança no Senhor.

Cheio de sabedoria (At 6.3,10). “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, ...” e ainda: “E não podiam resistir à sabedoria e ao espírito com que falava. (At 6.3,10). Estes que foram escolhidos, precisavam ser poderoso em obras e em palavras, ter bom senso prático e capacidade para lidar com delicados problemas, além de capacitação divina para falar segundo o impulso do Espírito Santo. Precisamos de sabedoria:

a) Para realizar (Ex 35.30-33); ). O texto citado é uma referência a Bezalel, homem que foi escolhido por Deus, cujo Espírito o encheu de sabedoria e entendimento e ciência em todo o artifício para inventar invenções. Este Bezalel, não era apenas um artífice, mas um homem espiritualmente qualificado. Pela grandeza de suas atribuições o seu conhecimento foi colocado a serviço de um trabalho espiritual.
b) Para ensinar (Ex 35.34,35; 2Tm 2.2); Além de sua habilidade como artífice, o Senhor lhe deu também o impulso de ensinar a sua arte a outros (1Tm 2.2).
c) Para julgar retamente (1Rs 3.16-27). Este texto citado é uma narrativa que mostra como Salomão foi capaz de decidir sobre o caso com grande sabedoria revelando como o Espírito operava sobre a sua mente e sua alma para o bem de Israel. Tamanha era sua sabedoria.

Cheio de poder. “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra” (At 1.8).

a) O poder vem de Deus e opera naquele que reconhece as suas próprias fraquezas (2Co 12.9). O texto citado refere-se a um “espinho na carne” que foi dado a Paulo, acerca do qual, Ele orou três vezes ao Senhor que lhe disse: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”.

b) Poder para vencer as forças do inimigo (Ef 6.10-13). O Senhor Jesus prometeu poder (gr. dunamus), aos seus discípulos em todo o tempo através do batismo no Espírito Santo (Lc 24.49).

c) Poder para protestar contra o erro, pecado (Mq 3.8). “Miquéias era um profeta do campo, pregava contra a injustiça, a opressão, a avareza, a imoralidade e a idolatria. Durante o tempo de seu ministério, advertiu sobre as severas conseqüências de o povo e seus líderes persistirem em seus maus caminhos. Predisse a queda de Israel e de sua capital Samaria, bem como a de Judá e sua capital Jerusalém. Era profeta que falava sob o poder e inspiração do Espírito Santo (Jr 20.9; Ef 3.7), que o levava a condenar o pecado na casa do Senhor. Sua missão era revelar o coração de Deus, encorajar a prática do bem e desencorajar a injustiça. Os pastores e profetas de hoje tem a mesma missão. Não devem curvar-se às pressões dos crentes falsos e mundanos, nem se conformarem com o mundo. Devem sim, ser a voz de Deus em favor da verdade, da piedade e da justiça” (BEP – pg. 1324)

d) Poder para testemunhar de Jesus (At 1.8). O Espírito Santo não somente outorga poder para pregar Jesus como Senhor e Salvador, como também, aumenta a eficácia do testemunho do crente fortalecido e aprofundado pelo relacionamento com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O poder do Espírito Santo em nós nos outorga poder para testemunhar de Cristo e produz nos pecadores convicção do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8).

Cheio de amor. “E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5.5).

a) Amor para obedecer (Lc 10.27a ; 2Co 5.14). Aos que crêem em Cristo, Ele exige que lhe tenha amor devotado. Este amor requer uma atitude de coração pela qual lhe atribuímos valor e estima, verdadeiramente ansiamos por uma comunhão com Ele, nos esforçando para obedecê-lo, e sinceramente nos importamos com sua glória e vontade na terra.
b) Amor ao próximo (Lc 10.27b; Rm 13.10; Lc 10.29-33). Um filho de Deus deve amar a todos (Gl 6.10; 1Ts 3.12), inclusive os seus inimigos (Mt 5.44).

Cheio de alegria. “E os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo” (At 13.52; Rm 14.17). Refiro-me à alegria da salvação (Sl 51.12).

Concluímos dizendo que as qualidades do homem espiritual mencionadas constituem o estado de uma profunda convicção e são recursos divinos suficientes para o crente vencer em todos os aspectos da vida e em qualquer atividade. Isto significa viver na dependência do Espírito Santo (Zc 4.6). Todos os demais aspectos da pessoa e da vida humana estão incluídos nestes princípios bíblicos espirituais.

Pr. Nonato Souza.

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