Um Retorno aos princípios, hora de refletir




Por Nonato Souza

Reconheço que não sou nenhum espião que vive às espreitas observando tudo que acontece por ai, mas pelo que tenho visto no meio evangélico, estou um tanto perplexo com o que tem acontecido em nosso meio, isso porque apesar de não ser autoridade no assunto, tenho observado um total afastamento dos princípios bíblicos que sempre nortearam a Igreja desde o seu principio (At 2.42). Parece está ficando cada vez mais difícil de crer, acatar, obedecer sem questionar ou vilipendiar esses conceitos que foram tão fortes no coração do povo de Deus no principio da igreja.

Estamos nos afastando dos princípios bíblicos, doutrinas fundamentais da fé cristã essencialmente necessária à salvação. Tenho ficado abismado com o comportamento daqueles que se utilizam dos púlpitos de nossas igrejas e tratam o povo de Deus, como se nunca tivessem de prestar contas dos seus feitos ao dono da obra. Me, deixa pasmo, a maneira como os tais se colocam diante do rebanho, totalmente desprovidos de humildade, e vida com Deus E porque não dizer, de Bíblia. Prepotência, arrogância e falta de bom senso é o que permeia a vida dos tais. O pior, é que esse tipo de mau exemplo se espalha por onde passam, deixando um rastro de prejuízo e destruição ao rebanho que ali permanece. Esses aproveitadores, que sempre existiram e existirão, não têm nenhum interesse com o bem espiritual de ninguém muito menos com a Palavra de Deus. Na verdade os tais estão interessados apenas em bens materiais e prazeres, estando sempre em busca da satisfação dos seus desejos egoístas (Fp 3.19). Os tais, na verdade, embora tenham aparência de piedade, negam-lhe, porém a eficácia (2Tm 3.5).

Vivemos tempos difíceis, não tenho dúvida disso. A igreja vive um momento de adulteração das características originais de sua doutrina. Modismos os mais diversos e absurdos aportaram no arraial dos santos. As doutrinas básicas do Cristianismo têm sido jogadas por terra por pregadores descompromissados com a verdade de Deus, e por cada movimento que surge; na sua maioria com doutrinas espúrias, delas, falsa mesmo. Que Deus tenha misericórdia de nós e nós da igreja, pois como ministros, do evangelho de Cristo, e conhecedores da verdade, precisamos lutar contra esses falsos mestres, além do que, é nossa obrigação guardar pelo ensino verdadeiramente bíblico, o rebanho do Senhor.

Por tudo que vejo está acontecer no meio evangélico, estou enfatizando fortemente que precisamos de um avivamento verdadeiramente bíblico. Existe um clamor por todos os lados para um retorno aos padrões doutrinários que infelizmente estão sendo abandonados. Estamos vendo com tristeza em nossos corações o afastamento de muitos e o prejuízo que este afastamento tem causado. Há um abatimento espiritual por toda parte. Um tipo de evangelho antropocêntrico, onde o homem é cultuado e não Deus. Este antropocentrismo tem alcançado muitas igrejas. Cristo já não é mais o centro dos nossos cultos, das nossas reuniões. Como dizia Emílio Conde, somos “uma igreja sem brilho”, sem o brilho da oração, pois os nossos cultos de oração se evaporaram, com raras exceções. Sem o brilho dos batismos no Espírito Santo com a evidência inicial de falar em línguas estranhas, que acontecia normalmente nas nossas reuniões diárias, e que hoje é uma raridade. Sem o brilho da manifestação dos dons espirituais, que em nossos cultos era algo normal, e agora, ficamos assustados ao ouvir Deus falar em nosso meio. Tínhamos línguas, salmos, cânticos espirituais, tudo para a edificação da igreja. Sem o brilho da salvação dos pecadores que era algo constante quando o povo de Deus se reunia. Sem o brilho da exposição sistemática da Palavra de Deus, que já não tem lugar primordial em muitos lugares e igrejas por ai.

Queremos um retorno aos postulados bíblicos. Estou lamentando, e clamando ao Senhor, tal qual Jeremias diante do caos que acometeu Jerusalém: “Lembra-te, Senhor, do que nos tem sucedido; considera e olha para o nosso opróbrio. A nossa herdade passou a estranhos, e a nossa casa, a forasteiros” (Lm 5.1,2). Voltar aos princípios que nortearam nossa igreja nesses quase cem anos de história, é uma questão de honra e precisa pressa. As nossas forças estão se esvaindo por causa das nossas vaidades e comportamentos anticristãos, aceitamos o pecado como algo normal em nosso meio, e somos incapazes de nos arrependermos prostrados aos pés do Senhor. Falta arrependimento; aliás, esse é um tema que embora bíblico, encontra-se ausente de muitos púlpitos hoje, pois para muitos, é já ultrapassado, e que os adeptos da teologia da prosperidade não conhecem, e se conhecem não falam sobre o assunto, pois nenhum compromisso tem com a Palavra da verdade, nem precisam do mesmo para sua vida espiritual.

Temos vivido como cristãos descompromissados com a Palavra e não queremos retornar à posição verdadeiramente bíblica por causa das nossas funções, posições, status. Crescemos muito, só que se trata de um crescimento anormal, agora fica feio retornar à posição que nos quer o Senhor, nos humilharmos; aliás, nem sei se sabemos mais o que é humildade. É bom, que nos lembremos que Jesus virá buscar um povo seu, zeloso, e de boas obras (Tt 2.14), se é que ainda somos capazes de nos lembrar que ele vai voltar outra vez para buscar sua noiva, eleita e preciosa (Ef 5.27.

Precisamos voltar ao princípio da oração, obediência, evangelização, trabalho cristão, fidelidade, integridade, ao princípio da Palavra, etc. Penso que a estrutura espiritual de um crente é conhecida por sua vida de oração, comunhão com Deus e leitura meditativa da Palavra de Deus. Muitos se esquecem desses requisitos importantes e acham que serão reconhecidos no céu por seu grau de conhecimento secular, posição social, status, recursos que possuem e outros efêmeros prazeres. Na verdade, e como eu gostaria que nos lembrássemos disso, seremos conhecidos como servos, e servos fiéis, que se colocaram em posição de fidelidade ao seu Senhor, em obediência à sua Palavra (Mt 25.21). Falando em obediência, sabemos que este é um sentimento necessário ao cristão. Paulo cita sobre Jesus como Filho obediente: “... e achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte e morte de cruz”. (Fp 2.5-8). Ora, nós, os cristãos, temos Jesus como nosso maior exemplo nesse mister, sendo assim, há fortes motivos para sermos obedientes à vontade de Deus. Aliás, não é de hoje que o povo de Deus é instado a uma vida de obediência. Desde tempos idos, através dos seus profetas, Deus já instava seu povo a um retorno à prática da obediência, pois a contumácia e ou dureza de coração, se tornara algo constante na vida do povo de Deus, fazendo-se necessária, às vezes, a aplicação de duras medidas disciplinares, objetivando o retorno e correção dos mesmos.

Sobre o assunto da obediência, a Palavra de Deus nos mostra a atitude infeliz de Saul que o levou a ser rejeitado pelo Senhor. Deus lhe deu ordens através do profeta Samuel para que ferisse Amaleque e destruísse completamente tudo o que tivesse (1Sm 15.3), numa atitude de total desobediência, Saul tentou mudar as ordens do Senhor, não só tomando do despojo como também resolveu poupar a vida de Agague, rei amalequita (15.9), o resultado trágico de Saul foi sua total rejeição pelo Senhor (1Sm 15.23). O exemplo de Saul nos mostra com clareza que Deus não tem prazer com aqueles que abandonam o caminho da obediência para viver ao seu bel prazer. Certamente não é o bastante adorar, louvar, prestar serviço ao Senhor e viver de forma desobediente. “O culto, a oração, o louvor, os dons espirituais e o serviço a Deus não têm valor aos seus olhos, se não forem acompanhados pela obediência explícita a Ele e aos seus padrões de retidão (cf. Is 58.2; 59.2; 1Co 13; Bíblia de Estudo Pentecostal, pg. 454).

Digo, é hora de refletir, e refletindo, lutarmos por um retorno aos princípios. Diante do quadro que estamos vivendo, só nos resta olharmos para Jesus; Autor e Consumador de nossa fé. Lutarmos fervorosamente contra as investidas do inimigo de nossas almas e da Igreja de Jesus, para que nossa herança não seja entregue a estrangeiros, e venham eles comer a nossa força (Os 7.9). É hora de lutar, jamais recuar. Deus conta conosco neste momento histórico. Avancemos, o nosso alvo é o Céu, o Senhor nos espera, não deixemos que nada, absolutamente nada ofusque a nossa visão (Mc 8.24). É hora de refletir. Que o Senhor nos ajude!

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