O FOGO QUE ME IMPULSIONA A PROSSEGUIR MESMO DIANTE DAS ADVERSIDADES


Por Nonato Souza

“Quando pensei: “Não me lembrarei dele e não falarei mais no seu nome”, então isso se tornou em meu coração como um fogo encerrado nos meus ossos. Estou cansado de sofrer e não posso mais” (Jr 20.9).

O ministério do profeta Jeremias foi complicado e extremamente difícil de cumprir. Ele tinha à sua frente a temível tarefa determinada por Deus de anunciar a Palavra a uma nação rebelde e truculenta que se dispunha a viver longe de Deus em completa e plena desobediência. Tarefa fácil para um profeta do Senhor? De jeito nenhum. Ali estava uma geração de homens e mulheres, cujo coração jaz contaminado e endurecido pelo pecado.

Embora sabendo o que ia enfrentar, Jeremias foi capaz de aceitar o ministério incumbido pelo Senhor e sofrer as consequências da difícil tarefa de profetizar ao povo as palavras do Senhor, buscando a mudança da nação. Dado toda esta difícil situação, a vida de Jeremias se tornou um misto de “angústia e alegria, oração e desespero, de louvor e perplexidade. Por sua natureza sensível, num instante ele se encontra na mais alta montanha e, no outro, está no mais profundo vale” (WIERSBE, 2012, p. 134).

Quando temos a responsabilidade da chamada e vocação, avançamos, embora com dificuldades. Foi o que fez Jeremias. Ele disse que foi “persuadido” pelo Senhor, o que dá a entender que o Senhor o seduziu. O texto diz: “mais forte foste e prevaleceste”. Sabe-se, no entanto, que Deus não o seduziu. Este sentimento do profeta vem devido as grandes dificuldades enfrentadas no caminho do ministério profético, que por vezes proporciona desalento e vontade de parar tudo. A vida ministerial é assim. Chamados e vocacionados não estão isentos dos frequentes questionamentos, desânimos e até mesmo a vontade de se encerrar por ali mesmo, tudo que começou. Jeremias passou por isso no exercício do seu ministério de profeta.

Com o ardor da chamada no coração, o profeta Jeremias tinha que anunciar as verdades divinas ao povo que com ato de desprezo a rejeitava. Toda esta situação acabou por levá-lo a sentir-se desanimado e pronto a desistir de falar àquela nação. Sempre que o profeta assim pensava, a mensagem divina se tornava em seu coração um fogo ardente, encerrado nos seus ossos, de modo que era compelido a falar, por mais impopular que fosse sua mensagem.

Penso que, mesmo em meio às adversidades, revés do ministério cristão e as oposições do inimigo de nossas almas, que nos quer fazer parar, anunciadores das boas novas precisam desse fogo ardente em seus corações para continuar. Se os nossos corações já não ardem quando anunciamos a Palavra de Deus e ou com o clamor de milhões que estão a perecer no caminho para o inferno, é hora de despertarmos do sono, clamarmos por misericórdia. Os anunciadores do Evangelho precisam arder qual chama nas mãos do Senhor no cumprimento de sua missão. Jesus é exemplo máximo de compaixão. Seu ministério foi marcado por uma terna compaixão pelos perdidos (Mt 15.32; 20.34; Lc 7.13; Hb 2.17; 5.2).
As exigências ministeriais, por mais duras e severas sejam, devem nos levar ao crescimento e nunca à desistência. Depois de sofrer tanta rejeição e oposição, o que você acha que veio ao coração de Jeremias? Ele resolveu calar-se e nunca mais fazer menção do nome do Senhor para pessoa alguma. Já pensou que coisa!

É exatamente assim que pensamos quando as durezas ministeriais vêm em nossa vida, no dia a dia. Quando muito se faz e não se vê resultados. Os percalços sofridos pela força do sistema que força o obreiro a produzir sempre mais, objetivando resultados, cansa, provocam fadiga, desgastes e terrível stress. No caso de Jeremias, não funcionou apesar do grande revés que estava sofrendo, não consegui calar-se. É isso que se espera daqueles que tem sério compromisso com a chamada que recebeu do Senhor.

Ainda que as lutas, situações contrárias te tentem parar, continue firme no propósito de fazer a obra de Deus. Se as portas dos templos, das igrejas locais, se fecharem para ti nesta geração, mesmo assim, continue, vá para as praças, logradouros públicos, feiras e lugares onde as pessoas possam ouvir a voz do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Não deixe a mensagem de Deus apagar-se do seu coração. Por que calar-se diante da necessidade de muitos. Para Jeremias, a mensagem de Deus era como um fogo ardendo no seu coração e nos seus ossos. “Jeremias não pregou porque precisava dizer alguma coisa, mas porque tinha algo a dizer; calar-se o teria destruído” (WIERSBE, 2012, p. 135). Assim, penso. Não podemos nos calar só porque muitos querem que fiquemos calados. Não podemos nos calar só porque o sistema acha que não devemos denunciar-lhes os graves pecados incrustados nas suas entranhas. É preciso falar. Sim, à semelhança de Jeremias, temos um fogo que queima dentro de nós e não podemos nos calar. Não dá para concordar com as falcatruas, desajustes e a exagerada política eclesiástica que corrói como gangrena a mente e o coração de muitos líderes eclesiásticos que há muito se venderam à corrupção e ao suborno.

A voz profética da Igreja precisa ser alçada em alto e bom som contra as injustiças sociais, a imoralidade, falta de integridade e os males desta geração má e perversa. Ou a Igreja alça sua voz profética ou seremos tidos como negligentes nesta geração. Não dá para se calar.

Concluo minhas palavras pensando mais uma vez no sentimento que permeava o coração do profeta. Sempre que decidia renunciar e não mais falar em nome de Deus, a mensagem divina se tornava em seu coração um fogo ardente encerrado nos seus ossos. De sorte que se sentia compelido a falar por mais impopular que fosse sua mensagem. Assim é a chama que arde dentro do meu coração e queima nos meus ossos. Não posso me calar!


Notas:

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo - Proféticos. 1ª ed. São Paulo: Editora Geográfica, 2012.

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