Não suportarão a sã doutrina


Por pastor Estevam Ângelo de Souza

Estevam Ângelo de Souza (Im memória), foi pastor presidente da Assembleia de Deus em São Luis, MA, e da CEADEMA - Convenção Estadual da Assembleia de Deus no  Maranhão.


Uma palavra inicial

Nestes dias turbulentos e corridos tive a oportunidades de dar uma olhada em alguns recortes de jornais que guardo. A maioria dos meus recortes são textos do periódico Mensageiro da Paz, jornal mensal da Assembleia de Deus no Brasil, onde tive o privilégio de ler alguns artigos que voltaram a falar forte ao meu coração. Li cuidadosamente, os escritos de homens de Deus que fizeram história. Alguns, destes artigos penso em replicar no blog com objetivo de edificar a vida espiritual do povo de Deus, principalmente daqueles que não tiveram a oportunidade de ler estes belos artigos. Os créditos são dados ao Jornal Mensageiro da Paz, órgão oficial das Assembleias de Deus no Brasil.


Não suportarão a sã doutrina

O tema deste artigo faz parte de um texto profético que expressa a visão do apóstolo Paulo quanto ao futuro da igreja.

Advertindo veementemente a Timóteo, diz: “Prega a Palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina, pois haverá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestre segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceiras nos ouvidos e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2 Tm 4.1-11).

Esta advertência deve ser aceita e posta em prática por todos a quantos Deus tem outorgado o sagrado encargo de ensinar em seu nome as verdades celestiais e eternas.

O texto citado retrata claramente o tédio dos homens pela sã doutrina e a predominância de suas próprias cobiças. A meu ver, esta é a mais larga porta e o mais espaçoso caminho para a apostasia, pois o tédio pela sã doutrina só tem lugar nas vidas de baixo nível espiritual.
Sabemos que apostasia é afastamento da doutrina, repúdio à fé etc. Esta definição está enquadrada no texto citado, nas expressões “não suportarão a sã doutrina” e “se recusarão a dar ouvidos à verdade”. São erros que atingem a fé, a vontade, a consciência e o caráter.

Esta profecia de Paulo tem um tom de alarme, tendo em vista uma situação catastrófica, que ameaça a igreja quando quanto às características bíblicas que lhes são atribuídas de “igreja do Cristo vivo, coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 4.15). As portas do inferno não prevalecerão contra a igreja de Cristo (Mt 16.18). É certo, porém, que a condição espiritual, objeto das predições de Paulo, é capaz de ocasionar mais um dentre os muitos acidentes na história do povo de Deus, cujas consequências permanecem, às vezes, durante séculos.



O ser humano por si só tem-se revelado incapaz de encarar a eternidade com o devido otimismo e necessária perseverança. Isso acontece sempre que a vida espiritual desce a um nível insuficiente. Quando se lhe estreita a visão das riquezas do infinito e das belezas da glória de Deus. Para chegar a esse patamar de risco, basta descuidar do cultivo da vida espiritual, mesmo que seja pelo excessivo cuidado das coisas lícitas desta vida (Lc 8.14). Jesus nos recomendou buscarmos “em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6.38).
Soube de um consagrado pregador do Evangelho que disse: “Tenho muito medo de perder a unção do Espírito Santo”.

O homem natural não aceita as coisas do Espírito Santo, porque lhe parecem loucura e não as pode entender (1Co 2.14). Se não as entende e não as aceita, não tem valor para ele e não lhe pertencem.

Diz-se que ninguém morre de fome; morre, sim, de inanição. Enquanto sente fome, a pessoa deseja com avidez o alimento. Quando, porém, a debilidade domina, rejeita a alimentação sólida; o organismo não a suporta. É isso que acontece na vida espiritual. Aconteceu no passado. Deus, através de Moisés, libertou a Israel da escravidão no Egito, do poder opressor de faraó. No Egito, o povo estava sujeito a trabalho forçado, açoites e tortura. Era obrigado até a rejeitar seus filhos do sexo masculino ao nascerem. Estava sem alegria, sem esperança e sem futuro. Já em liberdade, viajando para a terra prometida, “terra que manava leite e mel”, testemunhas de muitos milagres, protegidos no deserto, foram alimentados de um modo maravilhoso. O maná provido por Deus era alimento tão eficiente que sustentou o povo sadio e vigoroso durante quarenta anos. Eis como foi considerado nas Escrituras: “pão do céu” (Êx 16.4); “cereal do céu e pão dos anjos” (Sl 78.24,25); “Deu-lhes a comer o pão do céu” (Jo 6.31a). Foi assim que o consideraram durante algum tempo, enquanto obedeciam à Palavra de Deus. Quando, porém, a vida espiritual declinou, deixaram de ter valor os milagres e a presença de Deus, de dia, na nuvem, e de noite na coluna de fogo.



Estêvão disse: “nos seus corações, voltaram ao Egito” (At 7.39). Mesmo geograficamente distantes do Egito, voltaram à escravidão. Em tal condição espiritual, era outra a avaliação que faziam do maná. Reclamaram: “ A nossa alma tem tédio deste pão tão vil” (Nm 21.5).

O que era o maná provido milagrosamente por Deus? Era maná do céu, pão dos anjos, pão do céu, ou era mesmo “um pão tão vil”? Eis como o ser humano empobrecido espiritualmente avalia as coisas sublimes de Deus. Chegaram à triste condição descrita por Sofonias: “Não atende a ninguém, não aceita disciplina, não confia no Senhor, nem se aproxima do seu Deus” (Sf 3.2).
Paulo escreveu: “Estas coisas se tornaram exemplo para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram” (1Co 10.6).

A vida espiritual é motivo de satisfação e muita felicidade. È uma realidade aceita pela fé e experimentada na intimidade da comunhão com Deus. Desfrutá-la é sobremodo agradável. A sublimidade das revelações de Deus, através da sua Palavra, fascina, inspira ânimo e encoraja. A sã doutrina é aceita como autêntica revelação da pessoa e da vontade de Deus.É considerada o mais elevado padrão de vida no mais alto nível de dignidade e nobreza espiritual e isto depende do seu cultivo regular.

Para o crente em boa condição espiritual, a doutrina não é um jugo insuportável; é o alimento da alma, na jornada para o céu. É fácil aceitar esta recomendação: “Desejai ardentemente como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado crescimento para salvação” (1Pe 2.2).

Em tal condição, o crente pode dizer com sinceridade de coração: “Quão doce são as tuas palavras ao meu paladar; mais doces que o mel à minha boca” (Sl 119.103).

Fonte: Jornal Mensageiro da Paz
Novembro/1994

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