Somos guardados pelo Senhor

Por Pr. Nonato Souza
“E eu já não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, [...]” (Jo 17.11-21).

No capítulo 17 vemos a conhecida oração final de Jesus por seus discípulos. A oração de Jesus é para que o Pai os guardasse e cuidasse deles. Devemos está consciente que pelo nome do Pai, somos guardados e protegidos. Ele é poderoso e capaz de guardar os seus filhos em quaisquer circunstâncias. Objetivava que o Pai os guardasse do mundo mal envolvido em práticas pecaminosas e de Satanás com suas astutas ciladas.

Neste mundo atravessamos desertos, mares bravios, vencemos obstáculos e adversidades, tudo guardados pelo Senhor. Se não fora o Senhor, há muito teríamos sidos consumidos por nossos inimigos. O salmista grita em audível som dizendo: “O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei? Ainda que um exército me cercasse, o meu coração não temeria; ainda que a guerra se levantasse contra mim, nele confiaria. Uma coisa pedi ao Senhor e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor e aprender no seu templo. Porque no dia da adversidade me esconderá no seu pavilhão; no oculto do seu tabernáculo me esconderá; por-me-á sobre uma rocha.” (Sl 27.1,3,4,5). Os salvos são guardados pelo Senhor. Sobre o assunto observemos o seguinte:

Somos guardados em nome do Pai. Jesus diz: “[...] guarda em teu nome aqueles que me destes [...]” (17.11). Jesus, tendo conhecimento que prestes estava de subir para o Pai, os entrega ao seu cuidado para que não houvesse temor em seus corações. Certamente para os discípulos era um consolo indescritível saber que estavam sendo entregues aos cuidados de Deus pelo próprio Cristo. “Não podem deixar de está seguros aqueles a quem o Deus Todo-poderoso guarda, e Ele não pode deixar de guardar àqueles a quem o Filho do seu amor lhe entrega, e em virtude disto nós podemos, com fé, entregar a guarda de nossas almas a Deus” (1Pe 4.19; 2Tm 1.12; Matthew Henry).

Somos guardados, separados do mundo mal. Jesus enfatiza: “Não são do mundo, como eu do mundo não sou” (Jo 17.16). É fato que os salvos não têm nenhum compromisso com este mundo pecaminoso. Fomos chamados para fora deste mundo com objetivo de nunca sermos participantes de suas maldades, corrupções e pecados. O crente vive em antagonismo com a maldade deste mundo. Fomos salvos através do sacrifício expiatório de nosso Senhor Jesus Cristo para não pertencermos mais a este mundo e suas glórias passageiras. Aqui neste torrão, somos apenas estrangeiros e peregrinos e muitas vezes gememos em nosso interior desejando sair para habitar em nossa pátria celestial (Rm 8.23; 2Co 5.2; 5.4).

Este mundo é um inimigo que se mostra tão cruel e terrível que devemos resisti-lo e rejeitá-lo a todo custo. Quando colocamos o mundo, como uma extensão da carne e Satanás, vamos entender que ambos tem parte vital na formação deste sistema pecaminoso. Apóstolo João torna esta visão ainda mais clara quando diz: “Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos, e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo” (1Jo 2.16). O texto acima mostra que este mundo tem um sistema totalmente corrompido, sendo uma expressão mais ampla da natureza interior depravada do homem. Bubeck diz que “o homem, através de sua natureza decaída, tem um problema compulsivo interno com prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes”. Os problemas do pecado da carne tomam maior volume quando o mundo fornece uma atmosfera apropriada a estes pecados.

O sistema pecaminoso deste mundo é ainda uma extensão do conflito de Satanás contra os planos de Deus para o crente. Satanás é chamado pelo Senhor Jesus de o “príncipe deste mundo” (Jo 12.31). É certo, que Satanás tem um reino muito bem organizado e, através deste procura governar todo este sistema. Entendemos que existem formas de mundanismo, estas são armadilhas e ciladas disfarçadas da parte de Satanás que estão a rodear a igreja do Senhor, levando os crentes a uma religião mista, mornidão e finalmente ao desvio espiritual.

Dentre algumas formas de mundanismo na atualidade, podemos destacar: as diversões ímpias, os passatempos pecaminosos, linguagem imunda, imoralidade, bebidas embriagantes, drogas, vícios, vestes imodestas, companhias impróprias, conceitos humanista, artifícios perversos para com isto chegar ao poder, corrupção de todas as formas, invejas, cobiças, ganância, egoísmo, oportunismo, ódio, vingança, etc. Tudo isso são na atualidade formas de mundanismos.

Diante deste grande desafio, o crente deve enfrentar as tentações do mundo colocando-se diante de Deus em posição de vitória sobre o mesmo. A vitória sobre o mundo é mediante a nossa fé (1Jo 5.4-5). Jesus Cristo declarou a sua vitória sobre este mundo quando disse: “Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo: eu venci o mundo” (Jo 16.33).

Os discípulos tinham esperança de vencerem as tribulações deste mundo, pois o seu Senhor o venceu. Com a sua morte na cruz do Calvário o destino do mundo ficou estabelecido. Todo aquele que está em Cristo vence o mundo. Nossa vitória é através daquele que está em nós (1Jo 4.4). É o Espírito Santo que nos dar forças para vencermos. Dele recebemos um novo apetite e um desejo que está acima do mundo e seus engodos. O que precisamos, é está em total dependência do Espírito, que colocará em nós desejos e valores que estejam acima dos que o mundo oferece. O crente cheio do Espírito Santo, tem sempre um desejo interior que o leva a gostar de fazer coisas que o mundo acha estúpido e enfadonho. Com uma vida cheia do Espírito Santo, e apropriando-nos da nossa vitória sobre este sistema pecaminoso, pela fé, caminharemos firmes, vencendo sempre, em direção ao céu, nossa habitação.

Somos guardados em santificação através da Palavra. “santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). A ideia do texto é de separação para Deus, para o que é reto, sendo, portanto, separados do que é errado, mal, imundo, imoral, etc. O meio que o crente tem para receber esta graça é através da Palavra. Jesus deseja que os que lhe serve sejam apartados, separados para o Pai e para o seu serviço. Em seu ministério terreno que veio realizar, Jesus se apartou completamente à sua tarefa, em especial ao oferecer-se a Deus sem mácula pelo Espírito eterno. Entende-se então que “a verdadeira santidade de todos os verdadeiros cristãos é fruto da morte e ressurreição de Cristo, pela qual o dom do Espírito Santo foi adquirido” (Matthew Henry). Foi por sua Igreja que ele se ofereceu para santificá-la (Ef 5.25,26).

Hendriksen diz que essa santificação só poderá ocorrer se a pessoa nutrir o desejo de ser governado pela verdade, isto é, por meio da revelação redentora de Deus em Cristo, como o mais elevado padrão de vida e doutrina (João – Comentário do Novo Testamento, pg. 769). Não temos dúvida que somente a verdade encontrada na Palavra de Deus irá nos tornar puros e santos.

Somos guardados em unidade perfeita. “[...] para que todos sejam um [...]” (Jo 17.20,21). No texto acima Jesus faz oração para que haja união entre os crentes. Essa união deveria ser baseada na união entre Jesus e o Pai. Sabe-se que o amor é a mais bela expressão do cristianismo. Não passa de mero formalismo e está destituída de qualquer importância uma relação fraternal desacompanhada de amor. Ora, é o amor capaz de diferençar o grupo de cristãos dos demais existentes.

A comunhão existente entre os cristãos vai além de um abraço formal, um aperto de mão, um tapinha nas costas; significa está ligado em amor um ao outro como um corpo sob uma só cabeça, animado por uma única alma, por meio do Espírito Santo que neles habita.

Na vida cristã, cada crente deve esforçar-se para manter a unidade do Espírito no vínculo da paz, unindo-se num só propósito e critério. Carson acrescenta que “da mesma forma, os crentes, ainda que distintos, devem ser um em propósito, em amor, em ação empreendida com todos e um pelos outros, unidos na submissão à revelação recebida”. Ele continua abordando que “assim como a demonstração do genuíno amor entre os crentes certifica que eles são discípulos de Jesus, assim também essa demonstração de unidade é de tal forma irresistível e não-mundana, que o testemunho deles acerca de quem Jesus é torna-se explicável somente se Jesus, de fato for o revelador que o Pai enviou” (O comentário de João – D. A. Carson, pg. 569).

As características desta unidade que foi alvo da oração de Jesus se baseiam no objetivo principal pelo qual Cristo foi enviado ao mundo e deu a sua vida – a redenção do homem (Jo 17.21).

Concluímos rogando ao Senhor que guarde de tropeçar os seus filhos na caminhada cristã, principalmente quando se observa a maneira como vivem alguns no tempo atual. Observa-se que há um grande abismo entre o que se professa e o que se vive; entre o que se diz e o que se faz; entre a profissão de fé e prática de vida; entre o que se chama de cristianismo teórico e aquilo que se entende ser cristianismo prático. Esse abismo entre verdades inseparáveis, essa falta de consistência e coerência, dá a luz a uma religião esquizofrênica e farisaica. Ainda que cercados por todos os lados por inimigos, creia que o Senhor cuida dos seus filhos. Não duvide, somos guardados pelo Senhor.

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