A importância do culto a Deus

Por Pr. Nonato Souza
O culto Pode ser definido como a manifestação espontânea de adoração do homem para com o seu Deus. Pode ser entendido como buscar alimento espiritual objetivando saciar a alma faminta do amor de Deus.

Automaticamente, a palavra “culto” está relacionada à ideia de louvar, adorar, render ações de graças. No culto cristão, nos reunimos com o propósito de tributar ao nosso Deus graças, honras e glórias, pelas bênçãos recebidas.
O culto foi um elemento sempre presente na vida do povo de Deus. Observa-se que mesmo não havendo uma palavra especial no Antigo Testamento para culto, através deste era transmitido ao povo as tradições e a fé.

No Novo Testamento encontramos dentre outros, dois termos gregos que nos revela a importância do culto e da adoração. Latreia – Substantivo grego, usado nas diversas situações de um trabalho ou serviço assalariado. Posteriormente foi incorporado à prática cristã de cultuar, prestar serviço a Deus, adorá-lo (Mt 4.10; Rm 12.1). Proskunein (pros, “para”, e kuneo, “beijar”) – O termo trás o sentido de alguém que se curva, tanto para homenagear homens importantes (Gn 27.29; 37.7-10; 1Sm 25.23) como para adorar a Deus (At 10.15-26; AP 19.10; 22.8-9).

Observa-se que esses termos gregos utilizados para conceituar culto no Novo Testamento, permanecem tendo o mesmo objetivo apresentado no Antigo, levar o homem a uma vida de relacionamento e comunhão com Deus, oferecendo-lhe louvor, adoração em suas mais diversas formas.

Preocupada com o lugar onde se deve adorar a Deus, a mulher samaritana interrogou Jesus acerca do melhor lugar ao que Jesus lhe respondeu: “Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai... os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (Jo 4.21,23). Muitos estão na atualidade presos a lugares, formas, tradições, etc, Deus, todavia, não está limitado a lugares nem circunstâncias, Ele pode ser cultuado em todos os lugares. Estejamos, pois, conscientes de que para nós cristãos, somente o Deus Triúno, Pai, Filho e Espírito Santo é digno de receber honra, louvor, reverência e adoração.

No culto, a adoração é elemento de primeira grandeza na liturgia cristã. A verdadeira adoração é aquela que se oferece a Deus pelo Espírito. Jesus enfatizou sobre a importância da verdadeira adoração em contraste ao culto morto dos judeus que envolvia apenas sacrifícios e ritos tradicionais dos homens. Pode crê que existem formas de cultos que em vez de agradar a Deus, o desagrada, entristecendo-o: “as vossas solenidades, a minha alma aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer” (Is 1.14).

O texto de Isaias 1.10-17, nos mostra, a queixa de Deus contra seu povo, pelo fato de, vivendo em total e contínua desobediência, continuar a lhe oferecer sacrifícios e ofertas, cultuando como se tudo tivesse normal. Para Deus, isto era um ato abominável (v.13), pois não podia “suportar a iniquidade associada ao ajuntamento solene”.

Esta atitude do povo já se tornara corriqueira, banal. Vinha à presença de Deus, cultuava, mas não havia mudança de vida. Com uma vida cheia de pecados e sem arrependimento se apresentava diante de Deus, apenas para cumprir rituais. Deus se cansou disto. O que eles praticavam na verdade era culto, mas era um culto hipócrita, causado apenas pelo apego à mera formalidade, aos ritos, sem nenhuma adoração ou atitude interior. Exteriormente tudo parecia perfeitamente correto, interiormente, porém, as ações litúrgicas não eram de um coração agradecido.

O Senhor os condenou por tal atitude. “Pois que este povo se aproxima de mim e, com a boca e com os lábios, me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído” (Is 29.13).

Entende-se que, o que havia nos lábios, estava certo, mas as motivações do coração eram erradas. Era um culto formado por atos mecânicos, invenções humanas, nada tinha com a vontade de Deus. Levando o povo a se desviar do Senhor e consequentemente do verdadeiro culto a Deus.

Com tristeza, digo que em algumas igrejas, este é o tipo de culto que temos. Um culto que desonra a Deus, por não demonstrar amá-lo, de todo coração, de toda alma, com todas as forças e com entendimento (Lc 10.27).

Precisamos cultuar a Deus em nossos cultos. No culto cristão nos reunimos com o propósito de tributar ao nosso Deus graças, honras e glórias. Às vezes me preocupo com o que acontece nas poucas horas de culto que temos, principalmente no quesito reverência. Esse é um tema falado constantemente no texto sagrado. Observemos: “E disse: Não te chegues para cá; tira os teus sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa” (Ex 3.5). “Então, disse o príncipe do exército do Senhor a Josué: Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar em que estás é santo. E fez Josué assim” (Js 5.15). “Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal” (Ec 5.1). “Mui fiéis são os teus testemunhos; a santidade convém à tua casa, Senhor, para sempre” (Sl 93.5).

No pequeno espaço de tempo em que ocorre o culto, se observa alguns comportamentos que nos causa estranheza. Obreiros conversando de forma distraída na tribuna, alguns crentes andando pra lá e pra cá, constantes entrega de bilhetes, conversas paralelas, no meio do povo, inquietação, uma verdadeira irreverência! Isto que acontece, acaba trazendo esfriamento espiritual e inibindo a ação do Espírito no andamento do culto. Entendo que cabe ao pastor da igreja fiscalizar e tentar manter a ordem, solicitando aos diáconos que reprimam de forma enérgica tais comportamentos. Uma igreja bem instruída com regularidade pelo seu pastor acerca de tão importante assunto alcançará o devido progresso espiritual tão necessário além de mostrar a devida reverência e ordem no culto.

Outra dificuldade que encontramos está na condução do culto. Aqui temos vários problemas. Sabe-se que o sucesso do culto depende muito da maneira como é conduzido. Se for conduzido na sábia direção do Espírito do Senhor, veremos a graça abundante de Deus fluindo entre os santos, porém se for conduzido da forma como costumeiramente se observa em algumas congregações, estejamos certos de que ao termino do mesmo, teremos crentes que vieram com o objetivo de saciar a fome permanecerem famintos ainda, os sedentos mais sedentos, os enfermos mais enfermos e os mortos espirituais sem nenhuma esperança de reviverem. Uma verdadeira tristeza!

Em muitas igrejas o que se observa é uma história de verdadeiro fracasso na condução do culto. Uma quantidade inumerável de pessoas que estão abandonando os nossos cultos para irem a outras igrejas onde há uma visão diferenciada na condução do culto divino ou muitas vezes, simplesmente, para ficarem em casa. É triste quando o culto se torna sem objetivo, quando o povo não é levado á verdadeira adoração, trazendo enfado, cansaço, e tristeza aos que dele participam, gerando inquietação aos que residem a certa distância da igreja, tendo que pegar transporte, que em certa altura da noite se torna difícil, trazendo apreensão no que concerne à segurança das nossas cidades. Esse é um assunto que deve ser analisado por aqueles que têm a responsabilidade com a condução do culto sagrado.

Entendo que já me alonguei demais no assunto, mas, não poderia deixar de comentar ainda sobre o louvor e a pregação da Palavra, como partes importantes do culto divino.

Sobre o louvor, sabe-se que se não houver equilíbrio, o culto pode ser prejudicado no seu conteúdo. Todos os louvores entoados no culto deveriam convergir para a mensagem, com objetivo de preparar os corações para receber a Palavra de Deus.

Os músicos, ao participarem de um culto, devem chegar cedo, preparar o seu equipamento, seja instrumentista ou cantor, e manter durante o culto uma conduta exemplar, não conversando, não executando o seu instrumento (muito o fazem até quando a igreja está de joelhos orando, quando eles deveriam também estar orando, numa atitude de verdadeira irreverência e irresponsabilidade com o culto divino), no momento da mensagem ou qualquer outro momento impróprio.

A música “é a arte de manifestar os diversos sentimentos da alma, através do som”. Através da música conseguimos exteriorizar os nossos sentimentos de louvor e gratidão ao Deus Eterno. Se em nossos cultos não tivéssemos cânticos de louvores ao Senhor, como não seriam as nossas reuniões? Certamente, estaria recheada de tristeza. Não temos dúvida da importância do louvor na Igreja. Este traz ao culto uma atmosfera espiritual na vida daqueles que dele participam.

Todo cuidado é preciso, pois muito da música que é cantada na igreja não é espiritual, não fala ao coração, não edifica a igreja, nem nos leva à verdadeira adoração a Deus, e muitas estão recheadas de heresias. A música é de muita importância no culto, mas esta não é barulho irreverente e desconexo muito menos ato de irresponsabilidade para satisfazer os extintos daqueles que nada querem com o verdadeiro louvor e adoração a Deus. Devemos buscar o verdadeiro louvor para termos cultos espirituais e verdadeiros, que agrada o coração de Deus cuja manifestação será real em nosso meio.

Finalmente a pregação da palavra de Deus que tem papel fundamental no culto cristão. Paulo diz ser pela loucura da pregação, que Deus salva aqueles que creem (1Co 1.21). Esse é um momento importante quando Deus fala ao coração do pecador impenitente para a salvação através da sua Palavra. Consideremos alguns cuidados neste assunto.

Tendo o pregador conhecimento que assumirá o púlpito sagrado para ministrar a santa Palavra de Deus, deve orar meditar na Palavra, pois sobre si pesa a grande responsabilidade de transmitir verdades divinas ao povo.

O pregador inteligente que teme ao Senhor, jamais fará, sabendo de defeitos, problemas pessoais e outros, sua exposição da Palavra endereçando-a diretamente a tais pessoas presentes no santuário, pois tal comportamento trará certamente, mais prejuízo que sucesso. Deve o mesmo expor a Palavra voltada para todos que ali se encontram, objetivando edificar, exortar e consolar.
Há os pregadores que se portam de maneira inconveniente, utilizando o púlpito sagrado para contar suas piadas, falar gírias, contar mentiras, desabafar, investir contra aqueles que discordam de suas ideias, trazendo tristeza e constrangimento aos que lhe ouvem. Ora, não precisamos de tais expedientes. Deus fala ao seu povo, porém, não usa de tais expedientes. Que Deus nos guarde!

Cuidado com o tempo do sermão, pregador! Dê ao mesmo inicio meio e fim. Veja que tanto a introdução, que necessariamente não precisa ser demorada, como o corpo do sermão deve está comedido com o tempo que se dispõe. Não se esqueça de fazer conclusão. O cuidado com o tempo é necessário. Há os que se tornam prolixos causando exaustão aos ouvintes. Nos cultos evangelísticos, naturalmente o tempo de exposição deve ser menor, para reuniões de estudos o tempo deve ser maior, mas não ultrapasse os limites da paciência dos participantes.

Quanto aos que participam do culto, tome parte na pregação, acompanhe a mensagem atentamente glorificando a Deus. Se, estamos na igreja, não é para sermos meros expectadores ou assistentes, estamos ali para participar do culto.

No demais, não devemos extinguir a manifestação do Espírito, pois um culto sem a presença do Espírito se torna pobre e morto à semelhança daqueles corpos inertes da visão do profeta Ezequiel: “... os ossos se juntaram, cada osso ao seu osso... vieram nervos sobre ele, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles espírito” (Ez 37.7,8). Não havia nenhuma razão de ser em tudo aquilo. Eram corpos, mas não tinham vida. Os nossos cultos precisam de vida, vida de Deus, sopro do Espírito! Que Deus tenha misericórdia de nós!

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