A mensagem da cruz




Por Nonato Souza

“Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós que somos salvos, é o poder de Deus” (1Co 1.18).

Um longo tempo se passou desde que Cristo veio a este mundo. Na cruz do Calvário, Jesus Cristo entregou sua vida. Ali no duro madeiro Ele conquistou a nossa salvação. Quando crucificado, o Filho de Deus sofreu afronta e vergonha diante de homens perversos e assassinos. Todo o sofrimento suportado por Jesus tinha por objetivo resgatar o homem dos seus pecados (Mt 20.28)

Oh, como precisamos retornar à mensagem da cruz, o evangelho da nossa salvação. Apostolo Paulo diz: “mas nós pregamos a Cristo crucificado...” (1Co 1.23). Sentimos falta em nossos cultos de mensagens capazes de transformar homens da vida pregressa em novas criaturas (1Co 6.10,11: 2Co 5.17).

Todos quantos se aproximam da cruz de Cristo, passam por transformação em sua vida. Para nós, ou a cruz é “poder de Deus” ou é “loucura”. Ninguém deixa a cruz na mesma condição em que se aproximou dela. Ou a pessoa a aceita ou a rejeita. Se aceitá-la tornar-se-á filho de Deus, se rejeitá-la estará perdido eternamente. Paulo nunca pregou um Cristo conquistador, ou um Cristo filósofo, mas, Cristo crucificado, “Poder de Deus” e “Sabedoria de Deus”.

A mensagem do Cristo crucificado que devemos pregar hoje, nunca deve ser recheada apenas de sabedoria e verdade, mas de poder, o poder em ação de Deus. Poder para salvar, curar, expulsar demônios, redimir as almas do poder do pecado. Isto me leva ao entendimento do que Paulo ensinava, que a sua pregação não consistia “em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder” (1Co 2.4).

Eis o por que a mensagem da cruz havia se tornado loucura para os que perecem. Os judeus estavam escandalizados, pois não compreendiam como uma demonstração de extrema fraqueza se transformaria em fonte de poder. Os líderes religiosos, estarrecidos, não compreendiam como um homem morto em uma cruz poderia ser Salvador. Eles tinham conhecimento de que a cruz era sinônimo de derrota e fracasso.

Os judeus pediam sinais do céu. Exigiam algo que pudessem ver, apalpar. Para esses cegos judeus o Messias tinha que ser algo como um príncipe, um operador de milagres.
“Para os gregos, a mensagem se tornara loucura, eles a olhavam com desdém, e criticavam essa religião sem base científica, ensinada num recanto atrasado do mundo, como Nazaré, pelo filho de um carpinteiro que nunca estudara em Atenas ou em Roma”.

Neste mundo turbado e difícil de viver, a igreja precisa voltar a pregar a mensagem da cruz. Aliás, a mensagem centrada em Cristo, verdadeiramente cristocêntrica, desapareceu dos nossos belos e requintados púlpitos. Ora, uma vez que o homem caiu da graça de Deus e está separado deste por causa dos seus pecados, precisa através da mensagem redentora ser colocado na posição originalmente perdida, onde o homem era totalmente dependente de Deus.

Evangelho pregado no princípio da Igreja tinha ênfase na morte e ressurreição de Jesus Cristo (At 2.24; 3.15; 4.10; Rm 4.25; 8.11; 1Co 15.20), é neste assunto que está centrada toda teologia paulina.

Em Cristo, está a mensagem do amor de Deus (Jo 3.16), que derramou seu sangue na cruz, abrindo para a humanidade um novo e vivo caminho (Hb 10.20) de salvação. Será que esta mensagem não é suficiente? Voltemos à mensagem pura e simples do evangelho Cristocêntrico.

Já estou enfadado, cansado de tanta mensagem triunfalista, cujo objetivo é apenas inflamar o ego do homem. Este tipo de evangelho que se tem pregado em nossas igrejas tem trazido grande prejuízo ao Reino de Deus.

Quero de volta o evangelho da cruz, pois este revela ao homem qual seu verdadeiro estado diante de Deus. Quero o evangelho da cruz porque ele trás paz ao coração aflito (Cl 1.20). Quero o evangelho da cruz, por ele somos curados (Is 53.5). Quero o evangelho da cruz porque “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16). Quero o evangelho da cruz, pois por ele somos santificados (Ef 5.26). Quero o evangelho da cruz, pois nele todas as barreiras da desunião, separação existentes entre nós, são derrubadas (Ef 2.14,16). Quero o evangelho da cruz porque nele eu aprendo que Cristo morreu pelos nossos pecados segundo as Escrituras, que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro, segundo as Escrituras (1Co 15.3,4). Quero o evangelho da cruz, porque proclama, e eu posso acreditar que Jesus voltará outra vez (At 1.11). Quero o evangelho da cruz porque assegura que haverá um dia de prestação de contas tanto para crentes como para descrentes (1Co 3.13; 2Co 5.10; Ap 20.12). Quero o evangelho da cruz porque ele me assegura que na glorificação teremos corpos glorificados e estaremos para sempre com o Senhor (1Ts 4.13-18). Quero o evangelho da cruz, nele todas as promessas estão asseguradas para aqueles que um dia entregaram suas vidas ao inteiro domínio e senhorio de Cristo (Mt 7.21; 2Co 1.20).

Porque continuar pregando outro evangelho cujo alvo tem sido, através dos falsos ensinos, afastar os santos da verdadeira doutrina e graça de Cristo. Somos ensinados pela Palavra de Deus que há um só evangelho, “o evangelho de Cristo” (Gl 1.7), evangelho este que nos veio “pela revelação de Jesus Cristo” e pela inspiração do Espírito Santo. Qualquer ensino que se origina em pessoas, igrejas ou tradições que não se baseiam nos princípios da Palavra de Deus, não pode ser tido como conteúdo do verdadeiro evangelho de Cristo.

É hora de voltarmos ao evangelho da cruz. Igrejas estão vivendo crises, as piores possíveis. O liberalismo teológico, negando os postulados da fé cristã abarcaram em muitas igrejas. Outras estão envolvidas com misticismo sincrético, movimentos estranhos à Palavra de Deus. Os males do pragmatismo entrou no coração de muitos líderes que estão em busca de sucesso e resultados a qualquer custo. A mensagem da cruz foi trocada pela pregação da prosperidade e triunfalismo. A corrupção generalizada está dentro das nossas igrejas, e à medida que elas crescem, cresce também a corrupção. Muitos líderes não conseguem ter vida cristã exemplar onde os liderados possam se espelhar. Não conseguimos ser sal da terra e luz do mundo. O sal que deveria está preservando, já não consegue. Estamos sentido cheiro de podridão por todos os lados. A luz que deveria está brilhando no seu maior fulgor, está apagando ou apagada. Existem trevas da desesperança por toda parte. Doenças e enfermidades assolam as igrejas, problemas insolúveis estão nos atingindo, o número de divórcios tem aumentado entre os evangélicos, intrigas entre os irmãos, disputas denominacionais, o pecado que tem se tornado um estilo de vida para não poucas pessoas, a diferença entre o que serve a Deus e o que não serve e etc.

Voltemos à mensagem da cruz. Não temos outra opção. “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus” (1Co 1.18). Que o Eterno se compadeça de nós.

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