Redirecionando nossa visão











Por Nonato Souza

“E o moço do homem de Deus se levantou mui cedo e saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade com cavalos e carros; então, o seu moço lhe disse: Ai! Meu senhor! Que faremos? Este disse não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles. E orou Eliseu e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para que vejas. E o Senhor abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu” (2Rs 6.15-17).

Esses dois paises, Israel e Síria, sempre viveram em guerra, com exceção de pequenos períodos de uma frágil paz. Agora novamente o rei da Síria, que provavelmente era Ben-Hadade II, prepara emboscada para pegar o povo israelita de surpresa. Eliseu profeta do Senhor sempre sabia onde o acampamento dos sírios estava escondido e anunciava ao rei de Israel onde se daria tal e tal emboscada. Ben-Hadade II surpreso com tais acontecimentos conclui que havia algum espião no meio deles, alguém que era pelo rei de Israel. Um dos conselheiros do rei, conhecendo a verdade sobre o assunto e certamente conhecendo também a reputação de Eliseu supõe ser ele o culpado do que estava acontecendo, fazendo saber ao rei, quem está desvendando seus planos. Então o rei tendo conhecimento de tudo informa-se acerca do profeta, e onde se encontra. Obtendo, então, a informação de que o profeta se encontrava em Dotã, envia um pequeno exército equipado com cavalos e carros de combate para aquela cidade objetivando assim prender o profeta, não querendo o rei da Síria, permitir que o mesmo escapasse.

O moço do profeta, um de seus filhos espirituais, que certamente era um dos alunos das escolas de profetas, saindo bem cedo, pela manhã, surpreendeu-se quando viu o pequeno exército sírio escondido pronto para o ataque. Ao ver tal cena, certamente voltou correndo ao encontro do profeta para fazê-lo conhecido do problema e buscar uma solução para o mesmo. Ao chegar a Eliseu narra-lhe toda a situação, este o procura acalmar e lhe diz: “Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles” (2Rs 6.16). É bom, que observemos, que Eliseu estava dizendo existirem ali, hostes angelicais que eram vistas por ele, embora não fossem vista por seu moço. O que à primeira vista parecia uma coisa terrível e assustadora para o moço do profeta, certamente se tornaria um momento de vitória para o profeta.

Existe um mundo espiritual invisível à nossa volta (Hb 12.1,2). Às vezes a nossa visão espiritual está à semelhança do moço de Eliseu. Só vemos problemas e dificuldades, as piores possíveis, ao nosso redor. A nossa visão está direcionada para a esfera terrena, para derrotas, desesperos, fracassos, mortes, etc. Não conseguimos levantar o nosso olhar além dos exércitos do inimigo que está à nossa frente nos ameaçando. Esse tipo de visão espiritual tem levado muitas pessoas, e até famílias inteiras ao fracasso, à derrota plena. A palavra de Deus está repleta de exemplos de pessoas, que embora tendo passado por momentos cruciais na vida depositaram a sua confiança no Senhor e alcançaram vitórias. Às vezes a questão está em redirecionarmos a nossa visão e vermos que “mais são os que estão conosco do que os que estão com eles”. O moço do profeta veio ao seu encontro desesperado e dizendo-lhe: “Ai! Meu senhor! Que faremos?” A resposta do homem de Deus foi: “Não temas”. Ora, sabemos que temos em nosso favor a presença de Deus e hostes de anjos que estão ao nosso redor para nos livrar (Sl 34.7), O desespero do servo do profeta contrasta com a fé tranqüila do mesmo que simplesmente se pôs a dizer: “Não temas”.

O Novo Testamento narra história da cura de um homem que era cego. Esse milagre aconteceu em Betsaida. O texto narra que Jesus o tomou pela mão e o levou para fora da aldeia, quando ali chegou cuspiu-lhe nos olhos e impôs-lhe as mãos perguntando-lhe se via alguma coisa, ao que lhe respondeu dizendo: “Vejo os homens como árvores que andam” (Mc 8.22-26). Ora, essa, é uma visão totalmente distorcida, embaraçada, comprometida e sem nenhum nexo, pois alguém com uma visão normal, jamais veria uma pessoa parecida com árvores que andam; isso jamais aconteceria. Existem pessoas com uma visão do Reino de Deus exatamente assim. Não conseguem enxergar, ou melhor, ver as coisas boas do Reino. Não conseguem ver as promessas se cumprindo, bênçãos alcançadas e por alcançar, vitórias conquistadas e por conquistar, salvação dos pecadores, milagres, batismos no Espírito Santo, etc. Meu Deus, tanta coisa boa temos inserido no contexto do Reino de Deus; e muitos crentes só conseguem ter visões embaraçadas, quando não estão vendo inimigos, lutas, tribulações, problemas, etc! Ora, estas coisas, nós iremos passar enquanto estivermos neste mundo, porém a recomendação divina é olharmos para Jesus que é o “autor e consumador da fé” (Hb 12.1).

A mão de Deus não se encolheu! Ele continua agindo em nosso meio pronto a nos ajudar diante de quaisquer que sejam as adversidades. Para onde estamos direcionando a nossa visão? Ao profeta Eliseu coube a responsabilidade de orar por seu moço para que seus olhos fossem abertos, e ele pudesse também contemplar o socorro de Deus ali presente a cuidar do seu profeta. Jesus, também, não deixou o cego naquela situação, com uma visão distorcida, comprometida, embaraçada, mas “tornou a pôr-lhe as mãos nos olhos, e ele, olhando firmemente ficou restabelecido e já via ao longe e distintamente a todos” (Mc 8.25).

Devemos ter uma visão voltada para as grandezas do Reino de Deus. Estou convicto de que todos que crêem no Senhor Jesus como seu salvador, devem buscar a Deus para nunca serem acometidos de cegueira espiritual, e que os olhos do seu coração estejam sempre abertos para verem com clareza as realidades espirituais do Reino dos Céus. O moço do profeta viu apenas o exército inimigo que certamente, pensou ele, vinha para destruí-los. O experiente profeta viu diferente, viu o exército inimigo, mas viu mais acima, viu que muito mais eram os que estavam ali prontos para socorrê-los do que os que estavam com os inimigos.

Apostolo Paulo recomenda-nos acerca da direção que devemos dar à nossa visão espiritual em relação às coisas de Deus. Ele diz em sua carta aos crentes de Colossos: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3.1-3).

Concluímos enfatizando que, a nossa visão não deve está direcionada apenas para as coisas desta vida passageira, deste século presente, para os prazeres efêmeros deste mundo etc. Precisamos com o esforço necessário e oração, direcioná-la para cima, à semelhança de Eliseu, que viu não apenas a presença ameaçadora do exército inimigo, mas a presença de hostes celestiais a protegê-lo e se necessário a lutar a seu favor. Direcionemos a nossa visão para cima onde podemos contemplar àquele que “está assentado à direita de Deus o Pai”, sempre intercedendo por nós. Que o Senhor nos ajude!


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